Quem vê as máquinas do Sertões BRB acelerando pelo coração do Brasil muitas vezes não tem ideia de tudo o que envolve a prova. Uma estrutura complexa que caminha com os competidores reunindo em torno de duas mil pessoas – um quebra-cabeças em que as peças têm de estar perfeitamente encaixadas. E o cotidiano de pilotos, navegadores, mecânicos e integrantes do time de organização envolve detalhes que muitas vezes passam despercebidos do público. Detalhes e termos que completam um abecedário e ajudam a entender a fundo o maior rally das Américas.
A, de ABASTECIMENTO
Se os carros largam com todo o combustível necessário para completar cada especial, não é o caso das motos e UTVs. Para eles existem as zonas de abastecimento listadas na planilha, com tempo de 15 minutos.
B, de BRIEFING
Na véspera de cada etapa, os diretores técnico e de prova conversam com pilotos e navegadores para transmitir informações importantes sobre o dia seguinte; comunicar ajustes na planilha e tirar dúvidas. Pode ser presencial (como neste ano) ou virtual.
C, de CURECA
Nos primeiros anos do Sertões, as curecas eram caveiras desenhadas na planilha para representar as zonas de risco, que exigem cuidado de pilotos e navegadores. Um trecho 3 curecas era sinônimo de perigo na certa. Hoje é adotada a sinalização internacional, com pontos de exclamação.
D, de DESLOCAMENTO
Os trechos não-cronometrados, por estradas de asfalto ou terra. Eles podem estar antes das especiais (Deslocamento inicial – DI); ou depois (Deslocamento final – DF). Normalmente têm um tempo máximo para serem percorridos, levando em conta as normas de trânsito.
E, de ESPECIAL
As especiais são os trechos cronometrados de cada etapa que definem o rally. Vence a etapa quem cumprir a especial no menor tempo e a soma dos tempos de todos os dias determina os campeões do Sertões.
F, de FORFETE
A palavra vem do francês Forfait e é usada quando um competidor desiste de uma etapa (por problemas mecânicos ou outro tipo de incidente). Mesmo abandonando algumas etapas é possível seguir na classificação geral e concluir a disputa.
G, de GPS
O sistema de posicionamento global por satélite é usado para a cronometragem e o monitoramento dos competidores ao longo das etapas. Por ele é possível saber se algum veículo saiu do roteiro da prova, cortou caminho, superou os limites de velocidade nas zonas de radar e também restituir o tempo perdido por um piloto ou dupla para prestar assistência a um concorrente em caso de acidente.
H, de HORÁRIO DE LARGADA
No Sertões BRB 2023, normalmente a primeira moto larga na especial às 7h. O primeiro UTV, 45 minutos após a última moto. E o último carro, 45 minutos após o último carro. Os intervalos são usados para evitar ao máximo que os melhores de uma modalidade alcancem os mais lentos da que vai à frente.
I, de INSCRITOS
Na 31ª edição do Sertões BRB, eles são 176 veículos: 90 UTVs, 43 carros, 41 motos e 2 quadriciclos. Entre pilotos e navegadores, são 309 pessoas.
J, de JUREMA
O cacto, típico do sertão nordestino faz parte da paisagem do Sertões 2023, especialmente nas primeiras etapas. As duplas dos carros e UTVs estão abrigadas de seus espinhos mas, nas motos, a ordem é usar casacos e calças de material resistente para evitar sustos.
L, de LAÇO
É o tipo de etapa que começa e termina na mesma cidade. Também é conhecida como margarida.
M, de MARATONA
As etapas Maratona são aquelas em que os competidores, a partir da largada, não podem receber apoio externo e contam apenas com peças e ferramentas que levam nos veículos. Ao fim de uma delas, cada competidor conta com meia hora no parque fechado para ajustes e manutenções necessárias. Cada Maratona sempre é composta por dois dias. Ao fim deles as equipes voltam a trabalhar nas máquinas normalmente.
N, de NAVEGAÇÃO
Vencer o Sertões não exige apenas acelerar o máximo. É preciso seguir as direções indicadas pela planilha – e sempre há bifurcações ou regiões com vários caminhos possíveis. Navegar é se orientar por entre elas. Além disso, por vezes é preciso passar pelos waypoints previstos (coordenadas exatas de GPS).
O, de ORGANIZAÇÃO
O time montado pela Dunas conta com cerca de 300 pessoas – 205 delas voluntários – com funções específicas. O perfeito desenrolar do rally depende do trabalho integrado e da perfeita comunicação entre todas as áreas.
P, de PARQUE FECHADO
É o regime adotado em que apenas os competidores podem tocar nos veículos e qualquer manutenção só pode ser feita se autorizada pelas autoridades da prova. Normalmente adotado entre as pernas da Maratona e ao término do rally, para as vistorias previstas no regulamento.
Q, de QUANDO PUDER…
Ao longo de suas três décadas, o Sertões BRB criou uma máxima, seguida religiosamente pela grande maioria da caravana: quando puder comer, coma. O mesmo vale para descansar, dormir, se hidratar e várias outras coisas. O motivo? Na correria do rally, nunca se sabe quando aparecerá a próxima oportunidade.
R, de RADAR
Ao longo das especiais e mesmo nos deslocamentos há zonas em que não se pode superar a velocidade determinada pela planilha. Também podem ser definidas por tempo. Exemplo: 25 minutos para percorrer quinze quilômetros. Desrespeitá-las é sinônimo de penalização.
S, de STELLA
O Stella é um equipamento de geolocalização e monitoramento dos competidores em tempo real (GPS). No caso da navegação por waypoints, também confirma a passagem por um deles (com tolerância média de 80 metros). É usado ainda para sinalizar situações de emergência e comunicar, a um carro ou UTV alcançado, que ele deve permitir a ultrapassagem. Desrespeitar essa ‘buzina eletrônica’ provoca penalização.
T, de TEMPO MÁXIMO
Cada etapa conta com um tempo máximo estabelecido para ser completada. Concluí-la além dele leva à desclassificação do veículo naquele dia. Em casos de circunstâncias inesperadas, esse limite pode ser estendido. O Sertões BRB 2023 traz pela primeira vez tempos máximos intermediários. Por questões de segurança e integridade dos pilotos e navegadores, eles podem ser retirados de uma etapa em pontos específicos da especial.
U, de UTV
A sigla vem de Utility Task Vehicle, ou veículo utilitário multitarefas. Nasceu para carregar peso e para deslocamentos em áreas mais remotas, mas se transformou em uma das sensações dos ralis. São veículos com quatro rodas, motor traseiro (potência que chega aos 200cv), estrutura tubular de segurança e suspensões de longo curso. Não é carro, nem moto, é UTV.
V, de VILA SERTÕES
É praticamente uma cidade montada nas cidades anfitriãs para alojar as equipes e seus veículos. A de Petrolina, maior nos 31 anos de Sertões, tem 136 mil metros quadrados. Nela também estão a Secretaria de Prova, as estruturas de Imprensa e Conteúdo.
X, de X RALLY
Uma das equipes mais vitoriosas do Sertões nos carros, com cinco títulos: os quatro de Cristian Baumgart e um de seu irmão Marcos. Neste ano eles encaram a prova com os Prodrive Hunter T1+
Z, de ZONA
Aqui não estamos falando de bagunça ou confusão, mas de áreas específicas no percurso da prova. Há as zonas de radar, em que é preciso manter a velocidade estipulada no roteiro; de controle, onde cada veículo recebe da equipe de cronometragem os vistos e informações de sua cartela de tempos e aguarda pelo momento da largada de uma especial; além da zona de deslocamento, explicada na letra D.
Comunicação Sertões BRB
Meg Cotrim
Rodrigo Gini
Aline Ben da Costa
Foto: Duda Bairros/Sertões