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WRC – Rally de Monte-Carlo 2020: o ano começou com os belgas

Está aberta a temporada de 2020. Acompanhe aqui no Rallybr, o início dessa nova disputa nos belíssimos trechos do Rally de Monte-Carlo

Seja bem-vindo, caro leitor do blog Shakedown. Aqui estamos para o início de tudo: o Rally de Monte-Carlo 2020. Dividido em 16 especiais, os 304 km de trechos cronometrados e já iniciados na quinta-feira dia 23/01, o Rally de Monte-Carlo, no ano de 2020, pode ser considerado como uma das mais disputadas e melhores provas dos últimos anos.

Nos embalos de quinta à noite

Para começo de história, na quinta-feira tivemos duas especiais noturnas: SS1 Malijai-Puimichel (17,47 km) e SS2 Bayons-Bréziers (25,5 km). Ambos os trechos cronometrados trouxeram muita dificuldade para pilotos e navegadores, visto que além da escuridão, o asfalto estava praticamente congelado, formando o famoso “black ice” do Rally Monegasco. Após a primeira especial de 2020 ser vencida pelo piloto local, Sébastien Ogier da Toyota, a segunda especial seria dominada com uma liderança surpreendente de Thierry Neuville com o seu Hyundai i20 WRC que abriria 25 segundos de vantagem sobre o segundo colocado no final da quinta-feira. Destaque para a festa dos fãs franceses com os seus fogos e sinalizadores durante as especiais noturnas.

Sextou… hora de dar “PT” né, Tänak?

Durante a sexta-feira (24), o domínio seria completamente japonês. Não, não estou falando do japonês Takamoto Katsuta da Toyota, mas sim de seus companheiros Elfyn Evans e Sébastien Ogier. A primeira especial do dia, SS3 Curbans-Venterol 1 (20,2 km) foi vencida por Evans, seguido de Loeb e o estoniano Tänak. E por falar em Tänak, o atual campeão mundial, infelizmente, sofreu um acidente cinematográfico na SS4 Saint Clemént-Freissinières 1 (20,68 km). Após uma sequência de “bumps” (ou solavancos, para deixarmos a conversa apenas em termos lusófonos), o i20 de Tänak saiu pela direita do asfalto, totalmente descontrolado, se chocando com o solo e voando por mais 100 metros, acertando uma árvore e despencando de uma altura de 8 metros. Felizmente, a dupla não se feriu, graças aos padrões de segurança rigorosos estabelecidos pela FIA.

montecarlo 2Hyundai i20 WRC de Tänak totalmente destruído após o acidente a mais de 170 km/h – Fonte: AFP
Com isso, a liderança geral na prova no final da sexta-feira (24) ficaria com Sébastien Ogier, apenas 1.2 segundos na frente de Elfyn Evans, seu companheiro de equipe na Toyota, escoltados de perto por Thierry Neuville 5.2 segundos atrás e completando o pódio.

Sábado: obrigado, Seu Evans, mas o Neuville vem forte.

No sábado, ao contrário das expectativas, não tivemos tanta neve assim. Logo na primeira das quatro especiais do dia, SS9 St. Léger-Les Melezes – La Batie-Neuve 1, trecho que conta com uma subida até um resort de esqui, encontra um pouco de neve no seu topo e desce montanha abaixo. Curiosamente, algumas décadas atrás, um jovem chamado Sébastien Ogier dava aulas de esqui e subia esses mesmos trechos para ir trabalhar. Mesmo contando com essa experiência, o tempo de Ogier não foi suficiente e Thierry Neuville a bordo de seu Hyundai ficaria com a primeira vitória nos trechos cronometrados do sábado.

montecarlo 3Na primeira especial do sábado, a vitória fica com Neuville. – Fonte: Thierry Neuville/facebook

Na SS10 La Breole – Selonnet 1, segundo trecho do sábado, em função das condições climáticas, um fator decisivo foram as Gravel Crews. Aqui, caro leitor, cabe um parêntese: gravel crews são, digamos, as equipes de reconhecimento de trecho de cada dupla. Em etapas como a de Monte-Carlo, é permitido o uso de equipes como essas, visto que as condições mudam constantemente; o gelo em alguns trechos pode derreter ou então, em áreas de mais sombra, o asfalto que estava úmido pode congelar. Curiosamente, tal função é, normalmente, realizada por ex-pilotos do WRC ou até familiares dos atuais competidores. Por exemplo, o belga Bruno Thiry é o Gravel Crew de Neuville, Mikko Hirvonen cumpre essa função para Kalle Rovanpera, Gwyndalf Evans, pai de Elfyn Evans trabalha como gravel crew para o seu filho. E assim por diante.

Mas voltando dessa digressão para a SS10, possivelmente, graças as anotações precisas de sua Gravel Crew, ou melhor, o seu pai, Evans marcou um temporal na SS10 e ficou com o melhor tempo naquele trecho. Boa, Seu Evans! Além disso, Elfyn também assumiria a liderança geral da prova 4.8 segundks a frente do seu companheiro de Toyota, Sébastien Ogier, seguidos de Thierry Neuville no terceiro posto de Hyundai i20 WRC.

montecarlo 4Evans, com um bom ritmo de prova, assume a liderança geral na SS10. – Fonte: Elfyn Evans/facebook

Na SS11 St-Léger-les-Mélèzes – La Bâtie-Neuve 2(16.87 km), a vitória seria de Thierry Neuville, assim como as demais especiais do rally, mas vamos por partes…

O desempenho acima da média de Neuville, no final do sábado, lhe deixaria com um viés de alta durante as entrevistas ao término do dia. A liderança geral seguia com Evans e o seu Toyota Yaris WRC, mas a confiança e a sorte parecia estar ao lado do belga da Hyundai.

E para o leitor mais atento não brigar comigo: cadê os Fiestas da M-Sport? Apesar da belíssima pintura, não podemos dizer o mesmo do desempenho dos carros da equipe de Richard Milener. Até o final do sábado, o melhor colocado pela marca do oval azul na classificação geral era Esapekka Lappi que ocupava um modesto quinto lugar na tabela.

E os brasileiros?

Não podemos esquecer da única dupla brasileira disputado uma prova a nível mundial. A bordo do seu porquinho, o Skoda Fabia da Motorsport Italia, os brasileiros Paulo Nobre e Gabriel Morales, após saírem de pista numa curva e danificar bastante a roda do seu Skoda no sábado, terminaram o Rally de Monte-Carlo no 71º lugar geral da prova e ocupando o 9º na categoria WRC 3, para pilotos privados e com carros do tipo R5.

montecarlo 5Apesar da dificuldade, mais uma prova completada pela dupla brasileira. – Fonte: @motorsportitaliawrcteam

Domingo: churrasco, champanhe e chocolate belga

Chegamos no último dia de provas, domingo dia 26. Para hoje, estavam reservadas duas especiais clássicas, cada qual sendo percorrida duas vezes: SS13 e SS15 La Bollène-Vesubie – Peira Cava (18.41 km), passando pelo lendário Col de Turini e as SS14 e SS16 La Cabanette – Col de Braus (13.36 km), tendo esta, na sua última passagem, a pontuação extra de um Power Stage.

Se para nós brasileiros, especialmente os gaúchos, o domingo é o dia oficial do churrasco (ou da macarronada, se você for de São Paulo), para os belgas Thierry Neuville e Nicolas Gilsoul foi o dia do suor e da champanhe. Para buscar a vitória na prova dos alpes franceses, os belgas tiveram um desempenho absurdo e digno de quem briga pelo título: venceram as quatro especiais do dia, incluindo o Power Stage. Se você pode ver alguma onboard da dupla do Hyundai i20 WRC, conseguiu notar como Neuville andava no limite, inclusive largando no Power Stage com uma das rodas traseiras levemente quebrada. Sinal de quem exigiu o máximo do seu carro para buscar a vitória.

E foi assim como iniciou o primeiro dia, Thierry Neuville fica com a vitória do Rally de Monte-Carlo, levando o seu chefe de equipe, Andrea Adamo, às lagrimas ao cruzar o final da última especial.

montecarlo 6Neuville e Gilsoul levam o Hyundai i20 WRC para p lugar mais alto do pódio em Monte-Carlo – Fonte: Thierry Neuville/facebook

Com isso, está aberta a disputa do campeonato e 2020. Para a Suécia, a Hyundai chega forte após a vitória de Neuville, assim como a Toyota mostrando a sua consistência e velocidade tem tudo para brigar pela vitória nas florestas suecas. Fique ligado para a nossa cobertura aqui no blog Shakedown do Rallybr.

montecarlo resultsClassificação final (Top 15): wrc.com

Texto: Fernando Brondani
Fotos: WRC.com, AFP, Thierry Neuville/facebook, Elfyn Evans/facebook, @motorsportitaliawrcteam