Se em meados do século XVII Sir Isaac Newton disse após suas descobertas no campo da física: “Se eu vi mais longe, foi por estar sobre os ombros de gigantes.” o mesmo vale para a equipe da Citroën que conquista a sua centésima vitória em um Rally graças a genialidade de uma dupla como Sébastien Ogier e Julien Ingrassia.
Apesar de todas as dificuldades por estar em um carro novo e em desenvolvimento, Ogier e Ingrassia mostraram a sua consistência ao longo de todo final de semana para no domingo confirmar o seu favoritismo e ficar com o lugar mais alto do pódio após 16 trechos cronometrados à bordo de seu Citroën C3 WRC.
A ação do domingo começou na mitológica SS13 La Bolene Vesubie – Peira Cava 1 (18.41 km), especial que passa pelo famoso “Col de Turini”, especial vencida por Ott Tänak e Martin Jarveoja com o seu ágil Toyota Yaris WRC, seguidos por Thierry Neuville da Hyundai (1.9s atrás) e Sébastien Ogier da Citroën (2.9 segundos atrás).
Na SS14 La Cabanette – Col de Braus 1 (13.58 km), os três primeiros colocados se repetem da especial anterior com a nova vitória de Tänak. Assim o piloto estoniano sobe para o terceiro lugar da classificação geral e a disputa entre Ogier e Neuville permanece em 3.2 segundos de diferença.
Na SS15 La Bolene Vesubie – Peira Cava 2 e a sua segunda passagem pelo Col de Turini, Ogier enfrenta problemas no acelerador do seu C3 WRC e com isso a vitória vai para Thierry Neuville e o seu i20 WRC, enquanto Ott Tänak preserva os seus pneus para o Power Stage.
Antes de falarmos sobre a última especial do Rally, aqui cabe um parêntese: O Power Stage (PWS) é a última especial do Rally e vale pontos adicionais para os seus 5 primeiros colocados, trazendo mais emoção para o final da disputa.
E para não ficar em branco, um breve relato da WRC 2 e WRC 2 Pro: A “Divisão de Acesso” do WRC esse ano conta com uma novidade; a criação da divisão entre pilotos de fábrica (Pro), com maior orçamento e os pilotos privados. Tal criação tem como objetivo tornar mais disputada a WRC 2, atraindo mais competidores regionais de diversos países e que andam com carros da especificação R5.
A vitória nessa categoria ficou com Gus Greensmith à bordo de um Ford Fiesta R5 da M-Sport, após a sua sólida performance durante o Rally de Monte-Carlo, especialmente após o erro do seu maior concorrente, Kalle Rovanpera da Skoda.
Mas voltando ao WRC…
Finalmente chegamos ao último trecho cronometrado, La Cabanette – Col de Braus 2 (13.58 km), tendo nossos líderes da prova de Monte-Carlo separados apenas por 0.4 segundos entre Ogier e Neuville. A vitória nessa especial ficou para os britânicos da Toyota Kris Meeke / Sebastian Marshall marcando um tempo de 9:37.3, quase 30 segundos mais rápidos do que em 2018 quando Meeke venceu esse mesmo PWS com o C3 WRC 2018 e em condições climáticas similares.
Justamente por ser a última especial da etapa, a emoção da luta pela liderança não poderia ficar por menos. Depois de muita apreensão entre Neuville e Ogier, a dupla francesa consegue marcar o segundo tempo no PWS ao ficar 1.7 segundos na frente de Neuville e assim consagra-se vencedora do Rally de Monte-Carlo de 2019. Para se ter uma ideia da grandiosidade de tal feito, essa vitória de Ogier pela Citroën se iguala ao recorde do lendário piloto alemão Walter Röhrl e agora ambos são os únicos pilotos a terem vencido em terras do principado de Mônaco por quatro marcas de carros diferentes.
Com isso terminamos a cobertura do Rally de Monte-Carlo. Acompanhe o blog Shakedown do Rallybr ao longo dessa temporada do WRC para saber mais e ter as melhores informações em português sobre a categoria.
Nos vemos na Suécia!
Resultado Final Rally de Monte-Carlo:
Texto: Fernando Brondani
Fotos: WRC, Citroen Racing, Hyundai Racing