Areia, terra, lama, pedras e cascalho em meio a paisagens inóspitas, com temperaturas que vão do negativo ao exaustivo em um piscar de olhos. Lugares onde nenhuma família escolheria para passar suas férias de verão. Difícil, cansativo e até mesmo perigoso. Assim é o Rally Dakar, a maior aventura dos tempos modernos que, a cada ano, torna-se mais desafiador, difícil e cheio de surpresas, fazendo os competidores chegarem ao limite do corpo e dos equipamentos. Só de cruzar a linha de chegada ao final de 15 dias já é o maior troféu para a carreira de qualquer piloto.
“Estamos com uma equipe forte, com três duplas experientes. A expectativa é enorme em ver esse time atuando junto. É um momento diferente da participação do Brasil no Dakar. Agora é contagem regressiva, falta menos de um mês”, comenta Guilherme Spinelli que, ao lado do navegador Youssef Haddad, encara seu 8º Dakar. Mas, pela primeira vez, ele terá ao seu lado um time com outros dois ASX Racing: Carlos Sousa / Paulo Fiuza, pela Equipe Mitsubishi Petrobras e João Franciosi / Gustavo Gugelmin, pela Ralliart Brasil.
As três duplas estarão a bordo dos modernos ASX Racing, desenvolvidos pela Ralliart Brasil para enfrentar as mais duras condições. Só no Dakar serão 9.583 quilômetros com largada em Buenos Aires e chegada em Rosario, ambos na Argentina. Mas com uma “passadinha” pela Bolívia, onde as duplas irão enfrentar os intermináveis salares e a altitude que é sempre prejudicial para o corpo e para os motores. A prova começa no dia 2 de janeiro.
“Como prevíamos, o roteiro está se mostrando muito difícil”, descreve Guiga. “O fato de não termos Chile e Peru no roteiro não significa que teremos uma prova mais fácil, muito pelo contrário. A organização vai querer compensar isso de qualquer forma. É provável que os dias sejam dificílimos”, completa.
O Rally Dakar terá 556 competidores de 60 países. Uma das novidades desta edição será o prólogo realizado em Buenos Aires. Com apenas 11 quilômetros, o percurso definirá a ordem de largada.
“O prólogo vai equilibrar mais. O trecho de 11 km não é pouco, mas a chance de se posicionar dentro do seu pelotão é muito grande”, explica Spinelli. Em anos anteriores, a ordem de largada para o primeiro dia era de acordo com os números de cada piloto e não necessariamente pelo tipo de equipamento ou experiência da dupla.
“Nos últimos anos, o Dakar começou em estradas de terra com poeira. Acabamos largando atrás de pilotos mais lentos e demoramos alguns dias para nos colocar entre os pilotos que andam no mesmo ritmo que a gente, por conta da dificuldade de ultrapassagem e poeira”, afirma.
O maior dia em quilometragem será já na reta final, com 931 km entre San Juan e Villa Carlos Paz, com 481 km de especial. “Depois do dia de descanso teremos três dias em Fiambalá, uma região que tem o maior índice de abandonos da competição, devido ao alto grau de dificuldades. A organização divulgou que a etapa que é um laço em Belén será a pior especial de deserto da história da prova. E aquela região, apesar de não ter grandes extensões de desertos, tem plenas condições para isso”, descreve Youssef.
Sonho
Pode parecer loucura para quem vê de fora, mas o Rally Dakar é um sonho para qualquer piloto. E o experiente João Franciosi vai, finalmente, realizá-lo. “Quando alguém entra no rali, almeja fazer o Dakar com um carro top. E depois de 11 anos de Rally dos Sertões estou realizando esse sonho. Um objetivo que vinha buscando há muito tempo e isso é muito gratificante”, comemora o piloto, que tem três títulos consecutivos na categoria Protótipos T1 do Rally dos Sertões, além de já ter vencido a prova na geral. Ele estará ao lado do navegador Gustavo Gugelmin, que disputou o Dakar de 2014 e foi campeão mundial de rali cross-country em 2012, na categoria T2.
Completando a equipe, a dupla portuguesa Carlos Sousa e Paulo Fiuza. Sousa é o mais bem sucedido piloto português no rali cross-country e tem um currículo de dar inveja. Ele acumula 16 participações no Rally Dakar, tendo ficado 10 vezes no Top-10, além de três no Top-5, não tendo completado apenas duas vezes nesses 16 anos. Como piloto da equipe oficial da Mitsubishi, colecionou suas maiores conquistas, como os quatro títulos do Campeonato Nacional de Rali Cross-country, considerado um dos mais importantes do mundo. Ao todo, foram 21 vitórias na classificação geral.
“Esta será uma prova muito diferente. Terá uma característica parecida com os bajas, com mais caminhos por estradas do que por desertos. E esse tipo de prova nos favorece e vamos continuar brigando para estar entre os 10 primeiros”, afirma Sousa. “Já estivemos na Argentina várias vezes, mas a Bolívia foi um misto de surpresas, pela chuva e altitude. Os carros estarão sujeitos a um enorme desgaste que não conseguimos prever e a altitude sempre preocupa”, completa.
A Equipe Mitsubishi Petrobras tem o patrocínio de Mitsubishi Motors, Petrobras, FMC, Axalta, Protune e Projeto Sign.
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Dakar dia a dia
31/12 e 01/01: Verificações técnicas e administrativas
02/01: Largada promocional em Buenos Aires e Prólogo
03/01: Buenos Aires – Villa Carlos Paz
04/01: Villa Carlos Paz – Termas de Río Hondo
05/01: Termas de Río Hondo – Jujuy
06/01: Jujuy – Jujuy
07/01: Jujuy – Uyuni
08/01: Uyuni – Uyuni
09/01: Uyuni – Salta
10/01: Dia de descanso em Salta
11/01: Salta – Belén
12/01: Belén – Belén
13/01: Belén – La Rioja
14/01: La Rioja – San Juan
15/01: San Juan – Villa Carlos Paz
16/01: Villa Carlos Paz – Rosario
MIT Imprensa
Foto: Victor Eleutério / Mitsubishi