Eu sei que já escrevemos sobre o Rally Argentina 2019 aqui no Blog Shakedown, mas gostaria, caro leitor, de rememorar alguns fatos da prova além do Rio da Prata para efeitos de comparação com o novíssimo Copec Rally Chile 2019.
As cidades
No caso argentino, o Rally Argentina é sediado em Villa Carlos Paz. Com quase 40 anos de tradição, a prova argentina reside em um pequeno município de 80 mil habitantes, cercado por grandes serras e banhados por belíssimos lagos. Tal região é reconhecida nacionalmente pelo seu grande potencial turístico, pela sua culinária local e pela hospitalidade de seus habitantes.
Já do outro lado dos Andes e costeando o Oceano Pacífico, encontramos a aproximadamente 500 km ao sul de Santiago a cidade de Concepción. Com seus quase 300 mil habitantes, a cidade chilena apresenta grandes diferenças em relação a sua companheira de mundial argentina. Reconhecida como a capital da música no Chile, Concepción possui um estilo de vida mais agitado, especialmente em função das conurbações com Talcahuano e Hualpén.
As especiais
Conhecidas mundialmente, as especiais do Rally Argentina são figurinhas carimbadas de qualquer compilado de imagens do mundial de rally. A maior parte dos seus trechos passa por estradas públicas de terra e que a suas respectivas construções datam desde o século XIX. Por sua semelhança com uma espécie de piso lunar (que é um solo rico em Urânio, em alguns pontos!), especiais como Copina – El Condor ou trechos de Los Gigantes, além de se apresentar mais travados e técnicos, garantem belas imagens.
Ao contrário da Argentina, no Chile tudo era novidade. De acordo com pilotos e navegadores, a etapa chilena pode ser considerada como um mix entre o Wales Rally GB, o Rally da Nova Zelândia e até mesmo alguns trechos do lendário Rally da Finlândia. Tudo isso, por conta da sua variedade de especiais como El Puma, com seus trechos de curvas fechadas em descida ou especiais mais rápidas como Maria Las Cruces ou Rio Lía que passam, em alguns casos, em trechos de propriedades privadas destinadas a plantação de árvores para a extração de celulose.
E o público?
Em ambos os casos, dentro de proporções, tivemos um bom público. Por razões óbvias e históricas, o Rally Argentina apresenta mais público do que o seu vizinho chileno. Em contrapartida, o público no Chile apresentou-se mais ordeiro e organizado, mas ainda sem aquela cultura rallyzeira, tanto que desconheciam a maior parte dos pilotos a não ser os locais. É uma semente que está sendo plantada por lá. Mesmo assim, tanto argentinos como chilenos merecem palmas pela sua participação, especialmente pelo seu comportamento durante a prova. Para um brasileiro, fica aqui o aprendizado e o sonho, pelo menos, de termos um público assim: pessoas que não escutam música alta durante a passagem dos carros e que respeitam as normas de segurança da prova. Durante o Rally, o melhor som é o dos motores girando alto. Será que isso é pedir muito?
Copec Rally Chile 2019
Para efeitos de cobertura e informação, depois de tanta expectativa por parte das equipes e de pilotos, o desafio em terras chilenas estava lançado. Podemos dizer que foi uma etapa movimentada e disputada do segundo lugar para baixo. Por quê? Porque, basicamente, desde o início, o estoniano Ott Tänak, com seu Toyota Yaris WRC, despontou na busca pela vitória em teorritório chileno. Tal fato se consolidou após o impressionante acidente de Thierry Neuville que acabaria por destruir o seu Hyundai i20 WRC. Enquanto Tänak abria larga vantagem na liderança, a briga pelos demais lugares no pódio ficou entre os dois Sébastien: Ogier e Loeb, dois gênios do Rally, acabariam por completar, respectivamente, os três primeiros lugares do Rally Chile 2019.
E assim ficou a classificação geral do campeonato de pilotos e construtores:
Fique ligado na próxima cobertura do blog Shakedown, aqui no Rallybr, agora em terras além-mar no Rally de Portugal. Até mais!
Texto: Fernando Brondani
Fotos: Daniel Halac, Wikipedia, El Diario de Carlos Paz, Jaanus Ree, Ott Tänak/Facebook