Sei que deveria começar este texto falando da prova como um todo desde quinta-feira (21), mas acho válido abrir o texto com uma pergunta: você lembra, dentre os atuais pilotos do WRC, quem corre, literalmente, em casa durante a prova de Monte-Carlo? Sim, ele mesmo, o lendário e agora heptacampeão mundial, Sébastien Ogier. Então, sem dar spoilers, mas também sem querer dizer que já imaginávamos isso: o homem ganhou mais uma, de novo, novamente, outra vez, e outra, e outra, e outra, e mais outra vez o Rally de Monte-Carlo. Sim, essa foi a oitava vitória do piloto natural de Gap no rally monegasco. E por que estou dando tanta ênfase assim logo de cara? Bem, este será, você gostando ou não, o último ano de Sébastien Ogier pilotando um WRC. Logo, que bela maneira de começar o ano de sua aposentadoria, não?
No caso dessa vitória de Ogier, a vantagem sobre o segundo colocado foi de pouco mais de 32 segundos sobre o segundo colocado, o também piloto da Toyota, Elfyn Evans e o terceiro posto foi ocupado por Thierry Neuville da Hyundai 1 min e 13 s atrás do francês.
Mas vamos lá, ainda na quinta-feira, há quem apostasse suas fichas no estoniano da Hyundai. Em função de toda a questão da pandemia, as provas do WRC serão sempre em versão reduzida este ano, logo, na quinta-feira (21) tivemos apenas dois trechos cronometrados e ambos foram de vitórias para Ott Tänak da Hyundai, equipe liderada por Andrea Adamo. É, se fossemos olhar somente por essas duas especiais, eu também teria dobrado as fichas apostando em Ott Tänak, e garanto que o Sr. Adamo também.
Ah e só para dizer que não esqueci de falar da M-Sport, o finlandês Teemu Suninen ainda na SS1 destruiu o seu Fiesta e ficou fora da prova logo no início. Não é que não falarei da equipe da marca oval, mas é que não teremos nenhum fato muito significativo da equipe de Dovenby Hall, ou seja, tudo indica que será mais um ano de vacas magras para a equipe de Richard Millener.
Mas voltando aos protagonistas, na sexta-feira (22), a maré virou e os ventos que antes sopravam a favor de Tänak, agora viraram para o lado da Toyota que estava de capitão novo em sua esquadra: Jari-Matti Latvala é o novo diretor de equipe da Toyota da Gazoo Racing, caso você não tenha lido o meu primeiro texto semana passada. Assim, na sexta teríamos mais cinco trechos cronometrados, já que a SS8 seria cancelada, e todos os cinco trechos foram liderados por um piloto da Toyota: Ogier ganharia as SS3, SS4,SS5 e SS7 e Evans ficou com o melhor tempo na SS6. No final do dia 22, Elfyn Evans da Toyota após demonstrar uma boa pilotagem e velocidade constante em todos os trechos, liderava a prova com 7,4 segundos de vantagem sobre seu companheiro Sébastien Ogier, sendo eles seguidos pelo líder da noite anterior, Ott Tänak 25,3 segundos atrás da liderança.
No sábado (23) tivemos mais três trechos cronometrados, mudanças na liderança da prova e azar de Ott Tänak. Dessa vez, o estoniano não esteve envolvido em nenhum acidente espetacular como o do ano passado, mas teve dois pneus furados que lhe deixariam fora da prova, uma vez que o piloto da Hyundai levava no porta-malas de seu i20 WRC apenas um estepe. Logo, dois furados menos um reserva e Tänak estaria com menos um pneu em seu carro no final do dia.
Após essa aritmética pneumática, teríamos uma grande polêmica ainda no domingo, mas calma, chegaremos lá. Com isso, no final do sábado, Ogier seria o líder da prova, sendo seguido por Evans e pelo seu outro companheiro de Toyota, Kalle Rovanpera. Para resumir, os embalos da noite de sábado devem ter sido muito bons para o agora chefe Latvala, haja vista que seus três carros lideravam até então o Rally de Monte-Carlo.
Chegamos no domingo e até agora não falei mais da M-Sport. Sinceramente? Nada mui relevante até agora, já que agora só tínhamos um Fiesta WRC na disputa, sendo este pilotado pelo britânico Gus Greensmith que na minha opinião usa o capacete mais legal entre os pilotos do WRC este ano e que até a SS12 ocupava o oitavo posto da classificação geral da prova, mais de 6 minutos atrás da liderança. Pronto, tá aí o destaque da M-Sport.
E a WRC2 e a WRC3? Entre os WRC2, a prova foi liderada desde a sua primeira especial pelo norueguês Andreas Mikkelsen, agora piloto da Skoda Motorsport e colega de equipe do jovem boliviano Marquito Bulacia. No final, Mikkelsen venceria o Rally de Monte-Carlo com 1 min 52 s de vantagem sobre Adrien Fourmaux e seu Fiesta R5. Na WRC3, Yohan Rossel fica com a vitória com o seu Citroën C3 R5.
Mas voltando ao WRC, até o final do domingo, teríamos a confirmação da vitória de Ogier com a dobradinha da Toyota juntamente com Evans. Aqui cabe um parêntese antes da polêmica: menção honrosa para Thierry Neuville da Hyundai que agora com o seu navegador novo, Martjin Wydaeghe, no final da prova ficariam no pódio ocupando o terceiro lugar geral da prova com o i20 WRC.
E a polêmica? Então, após o final da prova, Ott Tänak acabou sendo desclassificado e punido após a SS10 e durante o deslocamento. No caso, o estoniano da Hyundai foi denunciado por um comissário francês por estar andando com uma das rodas sem um pneu até chegar ao ponto de controle seguinte. De acordo com o regulamento de prova, tal prática é ilegal e considerada perigosa, assim, a organização decidiu por punir Ott Tänak e excluí-lo da próxima prova do campeonato.
No final das contas, como já havia falado lá no início, com a vitória na geral e no Power Stage, que agora conta pontos também para o campeonato de equipes, a classificação final ficou assim:
Aqui termina mais uma emocionante abertura de campeonato. Nos vemos em fevereiro, durante os dias 26 e 28 para o Arctic Rally Finland, na Lapônia. Até lá!
Texto: Fernando Brondani
Foto destaque: WRC.com